O estado subjetivo da solidão

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Não é a primeira vez e nem será a última em que cito aqui meu blog favorito e, não raro, fonte de inspiração: Study Hacks, escrito por Cal Newport. Dessa vez, vou abordar o assunto de um post de setembro de 2017, sob o tema: Spend More Time Alone, baseado principalmente em duas lições, comentadas por Cal, do livro Lead Yourself First.

Para isso, vou transcrever os comentários do Cal e, em seguida, contribuir um pouquinho com minhas próprias reflexões sobre o assunto.

Lição 1: A maneira correta de definir “solidão” é como um estado subjetivo no qual você está isolado da entrada de outras mentes. Quando pensamos em solidão, normalmente imaginamos o isolamento físico (uma cabana remota ou o topo de uma montanha), tornando-o um conceito que podemos facilmente deixar de lado como romântico e impraticável. Mas, como este livro deixa claro, a verdadeira chave da solidão é deixar de reagir à saída de outras mentes: ouvir um podcast, navegar nas mídias sociais, ler um livro, assistir TV ou manter uma conversa real. É hora de sua mente ficar sozinha com ela mesma - independentemente do que está acontecendo ao seu redor.

É comum subestimar ou desvalorizar os momentos de solidão. Muitas vezes associados ao tédio ou à falta de amigos, esses momentos são vistos como indesejáveis e inoportunos. No entanto, podemos transformá-los em estados prazerosos da nossa rotina. São horas como essa que eu me pego viajando em pensamentos, visualizando realizações em nível pessoal e profissional. É impressionante o bem que isso pode fazer! Também é nesse estágio da mente em que costumo ter o que considero ‘minhas melhores ideias’. Pode ser meu próximo post pra este blog, um projeto futuro, um passeio, viagem ou até uma atividade divertida a planejar com meus amigos.

Desfrutar desses momentos solitários, onde você entra numa conversa consigo mesmo, contribui muito para uma boa saúde mental e melhora da auto-estima.

Lição 2: doses regulares de solidão são cruciais para o funcionamento eficaz e resiliente do seu cérebro. Passar um tempo isolado de outras mentes é o que permite processar e regular emoções complexas. É o único momento em que você pode refinar os princípios sobre os quais pode construir uma vida de caráter. É o que permite solucionar problemas difíceis e geralmente é necessário para uma visão criativa. Se você evitar ficar sozinho com seu cérebro, sua vida mental será muito mais frágil e muito menos produtiva.

Aqui, como complemento a estar sozinho, quero falar sobre uma ferramenta, muito eficaz para mim, que pode realmente potencializar ainda mais o ‘processar’, ‘regular’, ‘refinar’, ‘construir’ e o ’solucionar’ destacados por Cal: o processo de escrita!

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Enfatizando a palavra processo aqui, porque pra mim, mais importante do que manter um diário pessoal pra relembrar bons momentos e aprender com os erros, é o processo de escrever que acredito ter um efeito benéfico, diria terapêutico, em nossas mentes. É esse processo que nos dá maior clareza, maior sentido ao regular, refinar, solucionar o que está em nossa mente, as emoções e sentimentos que temos ao passar por essa ou aquela situação, por ter essa ou aquela decisão a tomar, por reafirmar nossos princípios e valores que fazem de nós quem realmente somos e formam nossa integridade e caráter.

Pessoalmente, fico impressionado como, ao escrever, percebo coisas que antes não tinha me deparado só por pensar ou meditar a respeito. Deve ter algo no exercício de estruturar um texto de maneira lógica que me faça questionar certos argumentos que antes pareciam bons, mas que agora não são suficientes para sustentar uma decisão ou conclusão e que são determinantes para decidir as coisas que vou manter ou abrir mão na minha vida. Algo que também percebo ao escrever é que, não raro, acabo aumentando ou diminuindo a intensidade de certos acontecimentos, sentimentos e emoções no instante em que acontecem. Então, ao colocar no papel, é mais fácil qualificar ou quantificar o real significado daquilo pra mim.

Se você acha que escrever também pode te ajudar nesses aspectos, mas não sabe muito bem por onde começar, eis minha sugestão: use ‘prompts de entrada’, ou seja, tenha um script a seguir quando for escrever. Por exemplo, use frases iniciais que vão nortear esse processo, tais como: “o que planejo para hoje…”; “como me senti…”; “pessoas que eu vi”; “estive pensando sobre…” ou “sou grato por”. Com o tempo, você pode ajustar ou criar seus próprios prompts.

Finalmente, fica aqui todo o meu desejo e incentivo para você refletir sobre esse assunto! 😌

Giorgio Braz

Giorgio Braz

“As grandes coisas não são feitas por impulso, mas através de uma série de pequenas coisas acumuladas” - Vincent Van Gogh

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