Como estudar música com eficiência?

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“Sou tocado por tudo que acontece no mundo… e então sinto vontade de expressar meus sentimentos na música” - Robert Schumann

Recentemente, comecei a estudar piano. Um desejo antigo que aparece listado num tópico do meu diário pessoal chamado: “Conquistas que me dariam muito orgulho”. É claro que estou só no começo, só engatinhando ainda, mas já consigo sentir o gostinho de tocar!

Um dos cuidados que tenho é de estudar com qualidade. Eu faço aulas semanais, mas assim como em qualquer curso, as aulas servem como guia dos estudos individuais. Em algum momento é preciso me sentar ao piano e praticar. Eu conheço vários métodos de estudo que são considerados eficientes, só que, para o piano, eu senti a necessidade de dicas mais pontuais. Pesquisando online, encontrei um vídeo do professor Pedro Lopes da MusicDot e, com o objetivo de me ajudar a revisar as dicas valiosíssimas que aprendi, além de ajudar outros estudantes como eu, decidi escrever este post para usar de referência, como uma cheatsheet para aprender piano. Caso você queira assistir apenas ao trecho do vídeo que aborda um tópico específico, basta clicar no tópico e você será encaminhado ao vídeo no tempo exato. Junto do próprio resumo que farei do vídeo, também vou incluir algumas observações pessoais baseadas nas minhas práticas atuais que estão funcionando bem. Bora lá?!

Estudar não é tocar!

Acredito que separar uma coisa da outra vai ajudar muito a se manter motivado durante o processo de aprendizagem. Conforme vou descrever logo mais, estudar é quando você realmente se dedica em compreender cada nuance da partitura afim de praticar com o instrumento. O estudo pode ser um tanto maçante por ser repetitivo e lento, porém é necessário para a evolução e domínio de teoria e prática. Pensando nisso, é importante reservar parte do tempo que você dedica ao instrumento para realmente tocar as músicas que você já sabe e que te dão prazer. Por exemplo, se você puder estudar uma hora, separe uma parte disso apenas para TOCAR, depois comece a ESTUDAR. Intuitivamente, eu fiz isso algumas vezes, mas agora pretendo incluir isso permanentemente em cada sessão de estudos.

O que é estudar?

Um hábito que grande parte dos estudantes têm, não se limitando a estudantes de música, é o de partir para a prática logo de cara. Nas minhas primeiras disciplinas de programação de computadores, era comum ler o enunciado do problema e já sair codificando na linguagem utilizada, mesmo que os professores recomendassem pensar no problema primeiro, talvez até rascunhar algo no papel mesmo, antes de escrever o algoritmo. Quando sigo essa sugestão, percebo que levo muito menos tempo com o exercício. Não é diferente com o piano.

Ao ESTUDAR, não é hora de executar a música do começo ao fim ou mesmo na velocidade correta. Primeiro, você deve resolver o movimento. Tocar piano envolve muita coordenação motora. Mesmo que você conheça as técnicas e saiba ler partituras, não significa que você terá uma boa performance ao executar uma música, é preciso ter a chamada memória muscular, suas mãos precisam andar sozinhas, decorar o caminho, por assim dizer. É parecido com o jogador que tem boa precisão ao acertar o gol, ele praticou muito pra chegar lá.

Outro aspecto a se levar em conta é que você não pode ficar errando. Não quer dizer que você não vai errar, mas o número de acertos deve ser substancial. Do contrário, a tal memória muscular vai agir contra você. Aqui, vale uma observação pessoal: existe algo chamado estado de flow, quando você fica tão concentrado e imerso em uma atividade que nem percebe o tempo passar… E isso pode até deixar suas sessões de estudos mais interessantes. Pra alcançar o fluxo, você precisa equilibrar as suas habilidades atuais com os exercícios a fazer. O que isso quer dizer? A música que você vai estudar não deve ser fácil demais, a ponto de te entediar e nem tão difícil, a ponto de te deixar frustrado e querer desistir. Portanto, a dica aqui é: caso você perceba que está cometendo muitos erros, dê um passo atrás e diminua a velocidade, mesmo que isso signifique diminuir o TEMPO pra 60 ou menos. Você precisa tocar corretamente até dominar aquele trecho e, então, seguir em frente. Não posso reclamar, minha professora sempre me aconselha a fazer isso.

“Sem a técnica, a inspiração é uma mera palheta oscilando ao vento” - Johannes Brahms

ANTES de ir para o instrumento

1. Estude a partitura

Nesse passo, você deve realmente estudar a partitura, ler e entender seus elementos. Reconheça as claves, armaduras de clave, fórmula e número de compassos, barras de repetição, células rítmicas… Enfim, você vai mapear a partitura. Algo muito útil aqui é reconhecer o intervalo das notas, qual a mais grave e a mais aguda e, com isso, identificar a(s) oitava(s) onde você vai posicionar e trabalhar com as mãos.

2. Decida por onde começar

Já que seu objetivo é ESTUDAR a música e não TOCAR, a ordem não importa agora. Você pode achar melhor começar por um trecho mais fácil ou mais difícil, o que funcionar melhor pra você.

3. Delimitar o que você vai estudar hoje

Aqui, vale dizer que você não precisa passar pela música toda numa única sessão de estudos, isso implica em definir antecipadamente até onde você quer chegar ao final da sessão. Imagine que você fixou a meta de estudar a música inteira em uma semana, logo, você pode se planejar pra estudar os quatro primeiros compassos na segunda-feira, os quatro seguintes na terça-feira e assim por diante. Lembrando da importância de equilibrar ritmo e precisão (não é bom ficar errando!), além disso, o estudo não tem que ser sequencial, ou seja, nada te impede de começar do meio ou final da música.

Mão na massa

4. Treinei as mãos separadamente

Dê aquela última olhada na partitura, perceba o ritmo. Solfejar vocalmente pode ser um bom referencial. Na sequência, escolha por qual mão você vai começar e comece a praticar lentamente, prestando atenção nas passagens de dedos e posicionamento da mão. Vale lembrar que só se deve passar para a outra mão quando a atual estiver perfeita e, se possível, decorada.

5. Estude em pequenas partes

A dica do Pedro Lopes aqui é simplesmente o lema da minha vida, chamo ele de ‘divisão e conquista’. Mesmo que você decidiu estudar apenas os quatro primeiros compassos naquela segunda-feira, não precisa passar por eles de uma só vez, você pode começar só com o primeiro até ficar bom e então passar para o próximo. Algo interessante a se fazer é terminar o compasso com o primeiro pulso do seguinte para finalizar a ‘frase’. Ao final da sessão, você pode passar pelos quatro compassos.

6. Estude com o metrônomo

Depois de ter resolvido os quatro primeiros compassos (ou quantos você tiver definido estudar naquela sessão) e ainda com apenas uma mão, chegou a hora de treinar com o metrônomo. Mas, cuide com a velocidade, comece bem devagar. Seu objetivo aqui é acertar!

7. Junte as duas mãos

Nessa etapa, depois de você ganhar desenvoltura com cada uma das mãos separadamente, é o momento de praticar com ambas as mãos. Pra isso, comece com um ritmo mais lento novamente. Estude parte por parte e vá aumentando a velocidade.

“O objetivo de toda boa música é tocar a alma” - Claudio Monteverdi

Depois de tudo isso, você pode pensar: “Uau, mas isso é muito chato e muito lento! Desse jeito eu vou demorar muito!! Bem, o propósito é justamente ganhar eficiência. E, depois de um tempo, todo esse processo estará automatizado e ficará mais fácil seguir os passos. Ao começar devagar, você cometerá menos erros e se frustrará menos também. Além disso, por treinar com pequenas partes, irá somando pequenas vitórias que o manterão motivado nos estudos! Sem contar que você terá reservado uma parte da sessão só pra tocar, o que te dará prazer e motivação adicional.

Então, mesmo que pareça chato ou estranho no início, tente seguir essas dicas! Pessoalmente, eu gosto de adaptar a técnica do Pomodoro e dividir a sessão em intervalos de 25 a 30 minutos de prática seguidos por 5 minutos de descanso. Eu faço isso com um aplicativo chamado Forest (disponível para iPhone e Android). Como prêmio pelo meu foco, o app planta uma árvore virtual enquanto estudo. Espero que esse conteúdo seja de ajude!

Aah, bons estudos! 😉

Giorgio Braz

Giorgio Braz

“As grandes coisas não são feitas por impulso, mas através de uma série de pequenas coisas acumuladas” - Vincent Van Gogh

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