Resenha: Trilogia Fundação - Isaac Asimov

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Pra quem me conhece não é segredo que meu escritor favorito é Isaac Asimov. Também conhecido como ‘o bom doutor’, Asimov é, indiscutivelmente, um dos maiores, senão o maior escritor de ficção científica, ao lado de Arthur C. Clarke e Robert A. Heinlein. Sem mais delongas, vamos à obra.

Fundação começou a ser escrita na década de 1950 (a trilogia clássica, objeto desta resenha). Na década de 1980 o autor expandiu a série com mais quatro livros, sendo que dois antecedem a trilogia e dois a sucedem. Aqui você encontra um vídeo da Editora Aleph sobre a saga, além de sugestões para a melhor ordem de leitura.

O primeiro volume, intitulado Fundação vai introduzir o trabalho de Hari Seldon, um cientista que desenvolveu uma nova área de conhecimento que ele chama de Psico-história, uma mescla de história, sociologia, matemática e estatística, além da psicologia, é claro. Com essa ciência é possível prever o comportamento coletivo de grandes populações. Em seu modelo, Seldon prevê a ruína do grande Império Galático, com todo o bem que fez até então, além do próprio conhecimento da humanidade. Além disso, Seldon também prevê que essa queda será sucedida por 30 mil anos de trevas e barbárie em toda a galáxia. Para diminuir o caos, o cientista também desenvolve um plano a fim de reduzir o período de trevas em apenas um único milênio e, para isso, cria a Fundação. Essa instituição é formada por um grupo de cientistas e outros civis que trabalham numa grande obra: a Enciclopédia Galática, uma espécie de arca, que tem como função preservar todo o conhecimento acumulado até aquele momento. É óbvio que essa não é toda a história, como também se torna evidente que propor tudo isso ao governo dos dias de Seldon não é uma tarefa fácil ou trivial. Para isso, Seldon precisa expor suas teorias ao imperador, além de se defender perante um tribunal. Deixo aqui um trecho do julgamento narrado, de forma emocionante, por Guilherme Briggs.

O tempo que se levaria para o sucesso do plano de Seldon não era nada curto e nem um pouco simples, daí a aventura começa! O grupo de cientistas à frente da Fundação muda-se para o planeta Terminus, na periferia da galáxia, para então começar seu trabalho. Hari Seldon, que não viveria para ver, providencia gravações holográficas, que ficariam armazenadas em um ‘Cofre do Tempo’ em Terminus para consultas pontuais em momentos de crise, com instruções de como lidar com elas.

As previsões de Seldon não estão livres de acontecimentos muito específicos travados por indivíduos, portanto não é perfeita. Será que seu plano terá sucesso? Como viveriam esses cientistas bem longe de casa? Como lidariam com todo esse peso nas costas? Surgiria algum desafio cujo plano de Seldon não poderia prever? Isso só lendo pra descobrir ( :

Uma curiosidade super relevante é o fato de a história do principal vilão da trilogia, apresentado no segundo volume intitulado Fundação e Império, receber em 1996 o Prêmio Retro Hugo.

“Há uma série muito antiga de Isaac Asimov, os romances da Fundação, na qual os cientistas sociais entendem a verdadeira dinâmica da civilização e a salvam. Isso é o que eu queria ser. E isso não existe, mas a economia é o mais próximo que se pode chegar. Então, como eu era um adolescente, embarquei nessa.” - Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia de 2008

Inspirada pelo clássico A História do Declínio e Queda do Império Romano, do historiador inglês Edward Gibbon, Fundação influenciou grandes mentes, como Carl Sagan, Steven Spielberg, George Lucas, Paul Krugman e Elon Musk. Também influenciou histórias de personagens dos mundos Marvel e DC, além de Star Trek, Star Wars e O Guia do Mochileiro das Galáxias. À bordo do Tesla Roadster de Elon Musk, enviado ao espaço no foguete Falcon Heavy Rocket da SpaceX, um dos itens colocados no carro foi um disco contendo a trilogia da Fundação. Em 1966 a trilogia recebeu o Prêmio Hugo Especial de melhor série de ficção científica e fantasia de todos os tempos!

Mesmo sendo uma obra de ficção científica e fantasia, Fundação não trata só de viagens espaciais, tecnologias futuristas ou gênios da ciência, mas fala sobre a natureza humana em si e nossa flexibilidade, ou a falta dela, em lidar com grandes e imprevisíveis mudanças à frente. Nos apresenta personagens fortes à frente de decisões que podem mudar todo o futuro da humanidade. Traz conflitos éticos, políticos e sociais interessantíssimos e nos deixa totalmente submersos num universo fantástico criado pelo autor. Para quem não conhece o estilo de escrita de Asimov deverá ter uma experiência extremamente positiva num texto conciso e envolvente. Fundação é recheada de tramas, surpresas, conspirações, personagens incríveis e muitas reviravoltas… Definitivamente, se tornou minha série favorita, vale cada minuto!

Abaixo você encontrará referências sobre a obra, caso queira saber mais. Espero que goste!


Giorgio Braz

Giorgio Braz

“As grandes coisas não são feitas por impulso, mas através de uma série de pequenas coisas acumuladas” - Vincent Van Gogh

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