Mais que café
- 4 minsVocê já ouviu falar em cafés especiais? Há pouco tempo, eu nem sabia que eles existiam. Descobri sobre isso num podcast e, desde então, tenho me aventurado nesse universo paralelo hipster, doce e cheiroso!
Confesso que tomar café nem sempre foi um hábito pra mim… Há alguns anos, trabalhando com meu primo, que simplesmente é viciado na bebida, passei do nada a mais de 250ml por dia, o que não foi legal. Depois desse episódio, fiquei um tempo longe da cafeteira. Aí comecei minha graduação e voltei ao bom e velho hábito, só que dessa vez com moderação!
Anedota divertida: Um amigo recentemente descobriu que é alérgico a café. Brinco com ele que isso não é alergia e sim ‘maldição’.
Ainda é algo vivo na minha memória quando moía café no sítio dos meus avós. Nem me importava de tomar, mas eu gostava do exercício de mover a manivela e sentir o cheirinho do pó fresco no velho quarto com um moedor fixo numa plataforma e os potes com grãos torrados recentemente. Mas, assim como parte massiva da população brasileira, desde que me entendo por gente, meus pais compram o café tradicional no supermercado. Faz pouco tempo que comecei a provar outros tipos de café.
Classificação de cafés
Pra mim, o mais interessante nisso tudo foi descobrir que existe uma associação internacional que classifica cafés, a SCAA (Specialty Coffee Association of America). Para classificar a qualidade do grão, é feita toda uma avaliação sensorial. Existem os Q-Graders, uma espécie de ‘juíz de qualidade’. Esse profissional consegue o título depois de passar por uma certificação e reconhecer pelo menos 20 provas sensoriais. Um café é considerado especial, quando soma mais de 80 pontos entre 10 quesitos, sendo eles:
- Fragrância/Aroma
- Uniformidade
- Ausência de Defeitos
- Doçura
- Sabor
- Acidez
- Corpo
- Finalização
- Harmonia
- Conceito Final
Além disso, de acordo com a BSCA (Brazilian Specialty Coffee Association), são levados em conta outros conceitos na qualificação. Existe todo um cuidado com as características físicas, como origens, variedades, cor e tamanho, incluindo preocupações de ordem ambiental e social, como os sistemas de produção e as condições de trabalho da mão de obra cafeeira. Depois de avaliados, são atribuídas nomenclaturas técnicas, dentre elas temos o café tradicional, superior e o especial.
Qual é a diferença, na prática?
Cerca de 50 milhões de sacas de café são produzidas todo ano no Brasil, esse volume se divide em 35 milhões de sacas de arábica e 15 milhões de robusta. O café que você compra no supermercado acaba trazendo uma mistura dos dois, isso dificulta perceber a grande diferença entre eles. O grão arábica é mais doce, também é mais difícil de ser cultivado, pela vulnerabilidade a pragas e por precisar de um clima temperado em altitudes mais elevadas. O Robusta não requer os mesmos cuidados. De fato, a diferença é tão notável que, quando tomei minha primeira xícara de café especial, foi difícil pra mim colocá-la na mesma categoria daquilo que eu chamo de café.
Por serem produzidos em escala industrial, não é possível ter tantos cuidados com os cafés tradicionais do que com os especiais, que passam por um processo de separação onde são removidos os grãos defeituosos. Em resumo, cafés especiais são 100% arábica, enquanto que o tradicional é uma mistura dos dois.
Onde encontrar cafés especiais
O mercado de cafés especiais no Brasil é novo, mas crescente. É possível conhecer todos esses cheiros e sabores por meio de cafeterias, empórios e até na internet! Como assim? Cresce o número de clubes de café no Brasil, sendo que, numa busca online rápida, você encontrará serviços de assinatura de cafés de procedência e organizações idôneas que contam com selos de qualidade. Pode ser divertido procurar!
Recentemente conheci o Moka Clube, um clube de café, de Curitiba - PR, que se dedica a selecionar e torrar cafés especiais. Um assinante pode escolher entre várias opções, começando com 250 gramas de café em grãos ou moído. Eles entregam todo mês, na sua casa, uma variedade diferente. Receber um pacote do Moka é mais do que ganhar um cheiro e sabor por mês, inclui conhecer a origem do produtor, variedade do grão, processo de cultivo e torra, altitude, região e roda de aromas e sabores do café. Você não recebe só o café, mas toda uma experiência.
Tem sido muito agradável acordar todas as manhã bem cedinho e ir pra cozinha moer meu café e degustar uma xícara fresca. Consumir a bebida acaba por ser apenas parte do processo… Colocar o grão no moedor, ferver a água, escaldar o filtro de papel, fazer o blooming (pré-infusão do pó) e ver aquele líquido se misturando com a água e preenchendo sua xícara, fazem toda a diferença, acredite em mim. É o início perfeito para o seu dia!
Atualmente, uso um método japonês para preparar meu café coado, ele se chama Hario V60. Existem muitas outras formas para preparar e servir, talvez escreva um post futuro sobre isso.
Pra finalizar, vou deixar alguns links interessantes abaixo caso você queira se aprofundar no assunto. Espero que goste.
Boas xícaras pra você!